Voto de solidariedade para com as mulheres vítimas de discriminação e violência no Irão
No passado dia 15 de setembro, Mahsa Amini, mulher iraniana de 22 anos, foi presa e brutalmente assassinada pela “polícia da moral e dos costumes” do Irão, enquanto se encontrava sob sua custódia.
Segundo a polícia, Mahsa foi presa por não estar a usar o seu véu (hijab) de forma adequada. O véu, que usava na cabeça, deixava um pouco do cabelo à mostra e isso foi suficiente para um crime desta natureza. É este o tipo de fiscalização e de violência, física e psicológica, que as mulheres iranianas são alvo diariamente.
Esta jovem, cheia de vida pela frente, deslocou-se a Teerão para visitar a família e acabou morta por uma polícia do regime que considerou a atitude de Mahsa uma afronta ao islão.
Todas as mortes são sem sentido, sobretudo aquelas que têm o fanatismo e a intolerância como motivação.
Desde a lamentável morte de Mahsa, muitos cidadãos iranianos, sobretudo as mulheres e os mais jovens, manifestam-se, cortam os seus cabelos e queimam os seus hijabs, em sinal de protesto no Irão. De acordo com a ONU e outras ONG’s, estes protestos já provocaram a morte de outras dezenas de mulheres, homens e crianças, vítimas de repressão e violência por parte das forças policiais locais, assim como a prisão de centenas de iranianos que pretendem mudar o curso do seu país e a forma como são tratados. Aquilo que começou como um grito de revolta, transformou-se num movimento nacional que exige o fim da ditadura no Irão.
Perseguir e violentar alguém por causa da roupa que veste é ofender a sua liberdade individual, a sua liberdade de expressão.
Perseguir e violentar alguém que se manifesta pacificamente é ofender a sua liberdade de reunião e de manifestação.
É por isso necessário indignarmo-nos, manifestarmo-nos e pressionarmos as representações diplomáticas deste e de outros países, a adotarem mudanças urgentes na forma como tratam as suas populações e responsabilizá-los pelo cumprimento dos Direitos Humanos nos seus territórios.
Pelas vítimas desta tragédia e pela existente desigualdade, temos de lutar para que os véus da sociedade ou a sua ausência, sejam sempre uma escolha e nunca uma obrigação.
A Assembleia Municipal de Faro, reunida em 30 de setembro de 2022, delibera:
– Emitir um voto de solidariedade para com as mulheres iranianas vítimas destas atrocidades, assim como para com o povo iraniano que resiste e procura mudar o estado do seu país;
– Emitir o seu protesto contra a forma como o Governo iraniano perpetua estas barbaridades e procura oprimir os protestos pacíficos no Irão;
– Encarregar o senhor presidente da Assembleia Municipal de Faro de enviar o presente voto à embaixada iraniana em Lisboa, na pessoa do Senhor Embaixador Morteza Damanpak Jami, e à embaixada portuguesa em Teerão, na pessoa do Senhor Embaixador José Manuel da Costa Arsénio;
– Dar conhecimento deste voto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português e à comunicação social.
Voto de solidariedade apresentado em reunião ordinária da Assembleia Municipal de Faro, no dia 30 de setembro, em nome da bancada do Partido Socialista neste órgão autárquico.
